quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

PASSOS DE ANJO

Naquele movimento metonímico
Encrespou-me a vastidão do olhar 
Seus passos fagulhavam tocando o chão
Plena graciosidade em samba

A mim havia ali nenhuma imperfeição
Era o mais belo quadro vivo
Pouco pude desvendar enquanto apreciava
Tantos detalhes e uma impressividade lancinante

Apoderou-se de meus pensamentos diários
Dulcificou meus sentimentos pálidos
Fez-me vivo novamente

O tempo estreito não me permitiu discernimento
Ficou a incerteza do sabor exato deste mel
Que espero poder provar mais vezes
Fazer cair teu véu
Confortar-te com as mãos
Observar seu caminhar suave

Expressar minha ambição

Vem
O medo não mudará a direção de seus passos
Tão singulares e alados

Lucas T.
(Dedicado a  alguém especial)



segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Ele não olha por dentro
Não tem olhos de sentimento
Suas mãos intocadas  de lamento
Em seu rosto a expressão pesada

Não vejo cor em seu silêncio
Nem expressão em sua ausênca
Cada encanto me impressiona
Mas nosso medo é arma branca

Sem segredos invado sua casa
Seu jardim, mudo seus documentos
E nada, sinceramente nada se iguá-la 
Imaginar não me preenche mais

Lucas T.
Veio em rajadas a um  coração latente. Viva alma que se faz em agonia agora na fria imensidão do talvez... O que os pássaros me dizem, aliás o que só eles me podem dizer é mais que uma gratidão cega. Suas ambições pálidas de galho em galho me alcançam e me excitam , atormentam-me mentalmente. Sua liberdade flui como é típico à espécie. Falam-me coisas surpreendentes, que não somente as ouço, consumo-as todas em pedacinhos doces regados com leite de rosas azuis.  Voe, voe insistem e eu largo meu corpo no amargo deste despenhadeiro da vida. Consternado em uma amalgama de caminhos vastos me perco. Encontro-me novamente e mais ciente de que isso dói. Não tenho asas reserva, preciso de recuperação, mais resiliência e uma brisa que me acalme... Apesar desta não-razão que cabe em mim, sentimentos não são passarinhos, que muito embora sejam livres, são também angaiolados por egoísmos atrozes, percebo que é possível sentir falta do que jamais se teve. E, a despeito de toda a dúvida , plano leve e suave sobre montanhas de algodão que me curem as asas e que me deixem sonhar. Sinto uma vontade lancinante de descobrir mais, aprofundar-me neste encanto. Sei esperar, não sabia, mas aprendo, quanta coisa se aprende na necessidade, já sei voar. Pouso e repouso na ansiedade de não saber suportar a vaidade do tempo que insiste em ir contra. O tempo é mais forte e eu apenas um segundo, frágil, mas que pulsa, e enquanto ele não passa, flutuo.

Lucas T.