segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

MÚSICA RECICLADA

Lembrança boa me traz o tempo em que rádio tocava música
Aquela coisa que se ouve com melodia, harmonia, ritmo, afinação de voz
Aquele som que relaxa e que nos faz flutuar
Faz refletir sobre o cotidiano
Faz protesto e anima, ensina, engrandece, alegra
Aquilo que nos faz feliz
Que nos faz pensar e viajar por países de sonho
Popular, Raíz, Simples, Sofisticada
Livre e simplesmente cantada em leves tons
Sem esforço, sem atuação, invenção ou banalidades

Um tempo novo chega, ligo o rádio e ouço
Desafinações basicamente
Basicamente nada
Um rostinho bonito
Um corpinho mais ou menos e 'tá' tudo bem 
'Tá' tudo ótimo

Música foi cultura há tempos atrás
Hoje música nem sei se existe mais
Qualquer um sai por aí gritando e acha que sabe cantar
As belas canções estão dormindo em sono profundo
Graças a Deus elas ainda existem mesmo que dormindo
Ainda posso ouvir os pedidos de socorro
Houve uma popularização de tudo
E a boa música ' foi pro brejo'

Ouvidos nem sei se mais os tenho
Haja paciência para tanta puluição sonora
A moda agora é ser feliz
Mas se quer ser feliz ouvindo qualquer babozeira que seja bem longe de mim
Isso não é revolta de quem aqui escreve
É desespero de quem conheceu a música como ela é.


 Lucas Tadeu

terça-feira, 11 de janeiro de 2011


Um só não é bom
Solução é andar junto
Quero tanto um presente
Que me venha em tempo
Antes de beirar à loucura
Antes de virar amargura
Antes do não querer mais 
Venha com avidez
Envena-me de você
Qualquer coisa
Que me faça ser Dois
 
Lucas T.


quinta-feira, 6 de janeiro de 2011



FORÇA


Embrulha-me o estômago saber tanto
 Distante de mim a sabedoria de um sábio
Mas vivi alguma coisa já
 Pouca, mas boa
Tive e tenho muitos problemas
 Tive e tenho muitos dilemas
Muitas perguntas Nenhuma resposta
 Muita vontade Pouca aposta
Entendi o risco que é viver
  E a emoção que isso me dá
E que felicidade é deliciar-se e entregar-se com tudo
 É ir fundo e penetrar na alma das pessoas
É usufruir  de dons

 Tudo acabará um dia É transitório
E a cada dia algo novo começa
 A saudade não pode viver muito tempo
Ansiedade não pode insistir em vencer
 Capacidade se tem quando se olha o passado
Liberdade é que te põe na linha
 Amor é palavra sem significado escrito
O único sentido da vida é não ter sentido algum
 Ela simplesmente ' É '
Sem razão ou hipocrisia

E nós vamos leves e breves como somos
Arrepios Calores Valores Perdão Traição Desbravamento
 Pele de Seda Gosto de Mel 
O Desamor e o Véu
 Somos Flores Somos Terra
Sem Destino Sem Misérias
 Viver é um sonho bom
Desistência e lamúria é para tolos
Saiba:   Ter força não significa estar forte
É na sensibilidade que reside nossa maior arma


Lucas Tadeu

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

SONHO

Entre belas estampas de cores vaidosas encontrei um rato
Ele não saia de nenhuma toca e não estava faminto por queijo algum
Eu era o rato ou ele era eu
A ordem não é uma invenção minha
Estava numa blusa de seda 
Descendo
Subindo
Correndo
Sentindo o cheiro bom do tecido
Agulhas muitas agulhas havia ali
Pedaços de pano alfinetado num canto
Mas o que eu queria
O que o rato queria eram uns botões
Os mais coloridos de lá
Corria entre pés nervosos
Escapava da vassourada
Uma bela ratoeira fora armada
Mas para um rato não há obstáculo
Subi naquela mesa recheada de trabalhos interminados
Lantejoulas, tesouras
Novelos
Plumas
Tudo tão perto
Mas meu objetivo estava guardado na gaveta
Espreitei o melhor ângulo
Esperei a melhor ocasião
Uma pequena abertura nela
E eu pulei
Era tarde
Fecharam a gaveta
Ouvi dizer que iam entrar em férias
Um mês numa gaveta
Engavetado
Mas com o sonho realizado
Milhões de botões coloridos ao meu lado
Havia felicidade ali
Não sei se minha ou do rato
Ou nossa


Lucas Tadeu

ÚNICO

Às vezes sinto uma vontade artificial de estar só
Encontro na solidão coisas de mim escondidas
Descubro outros mundos
Outras constelações
Viajo sem receio em meu desconhecido corpo
Minh'alma latejando de uma felicidade gratuita e meus pés formigando ao som do nada
Faço crônicas com o vazio 
Endereço cartas ao meu coração
E transformo tudo em emoção
Aprendo a valorizar a paciência
De esperar sentado a sorte ou de buscá-la em algum reino distante
Revigoro-me nas flores de pétalas frágeis 
Ouço as abelhinhas tão dóceis em uma distância segura
Passo cantarolando a passos finos no telhado
Meus  vizinhos me tomam por louco
Eu prefiro nem dar bola

Há uma raridade obscurecida na unidade
É quando se precisa de alguém e não há
Quando se quer uma amigo e não há
Quando se quer colo 
Se quer abraço
Se quer uma migalha de carinho que seja
Quando se quer qualquer alma viva e não há
Aí eu  descobri que há sim
Sempre houve alguém
Dentro de mim 
Um ser pulsando para me conhecer
Que parecia tentar se esconder
E que somente a solidão pôde me apresentar
Eu a mim mesmo.

Lucas Tadeu