A VIAGEM
Há certos momentos tão incertos na vida. As imprecisões que descambam num nada violento agoniam o coração, a mente, o corpo. E quando pensamos que a calmaria está por chegar, uma tempestade muda tudo. E não me digam que há beleza nisso porque não há. Há escuridão e só. Sofrimento e dor e só. O poço da paciência seca, a virtude da temperança se afoga nas lágrimas do desespero. Pedir ajuda? A quem? Quem se dispõe a ajudar? Todos somem e não há ninguém. É aí que você descobre que só pode contar consigo mesmo. Procura, procura e não acha. Sabe por quê? Porque até você sumiu. e encontrar-se não será uma tarefa fácil. É um processo que exigirá sobretudo a confiança no desejo soberano de saber-se. Isso exige a fuga. Fuga do mundo, o retirar-se por um tempo, purificar-se, equilibrar-se para só depois voltar a ser, inteiro, preparado e ciente de seu lugar no mundo.
Sem perceber você se despede de todos, guarda as boas lembranças e segue rumo a sua caminhada individual, ímpar. Sem interrupções, sem apoio, mas com uma certeza alucinante. A certeza de que no final você estará de volta e então saberá não a razão das coisas, mas a melhor maneira de lidar com elas.
Lucas t.o.m