Aqui dentro é In(finito)
Sem cor ou direção ou contramão. Minha camisa amarrotada pelo silêncio. A expressão da face que não traduz o sentimento. O sentimento que não sei se tenho. O sentimento que jamais senti. Se senti não percebi. Se percebi, esqueci. Em minha frente havia uma esquina e eu não vi. Não dobrei à esquerda. Segui reto, porque sempre faço isso. O que tem de ser nem sempre é. E quando é, desgasta. O tempo desgasta tudo. E são tantos finais em mim. As vontades se apavoram em sua consciência desta minha realidade. Espero que caia do céu, mas se caísse, só haveria o chão. Como eu queria estar agora de braços abertos, de coração aberto. Ainda não encontrei minhas chaves.
Ando aí, assim, tão desbotado. Despetalado. Minha harmonia não dura. Minha temporalidade difere ao que é normal, ao que é aceitável talvez. Mas é assim que me gosto e me suporto. A mudança bate sempre à porta. Para quem a deixa entrar, conduz a transformações imperiosas,. Contudo engana-se quem acha que ela não sabe pular a janela, atravessar paredes, invadir os lares. Não há como fugir dela.
E mesmo no caminho mais reto, as curvas serão inevitáveis. Em cada curva um sorriso. Em cada curva um labirinto. Por tanto tempo estarei ainda vivo. Nada acaba, e nem há fim que sempre dure. Soa estranho? Em tudo existe algo de esquisito. Ai como dói ser assim: tão infinito.
Lucas T.