sábado, 27 de abril de 2013

Acertando meus ponteiros com o tempo


Pequenos aviões eu vejo
Eles nunca saem do meu quarto
Voam sem liberdade
Minhas palavras não tocam quem eu quero
Preciso aprender a atravessar
Andarei ainda quantas milhas dentro?
Andarei quantas milhas ainda para chegar?
Onde é chegar?
Chegar é algo que se quer?
Ou é obrigatório?
Leva tanto tempo
Tanto tempo leva
O tempo leva tanto
E hoje eu sei o quanto pesa.




terça-feira, 9 de abril de 2013




João: Ningm

Em olhos d'água plantava uma parte de palma
O que restara inconteste de sua pouca lavoura
Campos magros para homens fracos
Campos largos para homens potentes.
Havia um regato escondido e temido pois sujo era
Necessidade sem honra, de homem, se vinha a ter
Não serviria para beber, mas para o gado coitado, prestava
Água escura para homens obscurecidos
Água clara para homens esclarecidos.
No céu a promessa da divindade
A crença no pó, é santo, é santo
Ao chão a dor, sem valia a vida, com valia o mito
Palavra que explora, a quem adora: dó
Verdade cruel para homens de muita fé
Verdade farta para homens de pouca fé.
Não, seu nome não lhe era dado
Por lapso do destino ou do que estava escrito
Não nem era muito de si, partia rumo aos outros
Bastava estar e servir, aprendeu a doar-se pela manhã
Quase sabia seu futuro tão terreno, tão lógico
Acreditava, ou queria crer, ainda assim: agonia
Nada nunca para homens generosos
Direito esbelto para homens avaros.
O carneiro, o bicho-negro como a noite dele se deliciou
A casa desmanchou-se em um sonho armado em ilusão
As janelas davam para ver o mundo: obtuso 
A porta não tinha nem, era trancado de sorte também
A terra partida ao meio e a cabeça inteira e mal
Os pés carregando cangaço, do que os olhos viram lá atrás
Passado findo aos homens de poucas posses
Futuro extenso aos homens abastados
Extenso e cheio do mais 
Mais: do mesmo: em si: um peso.

Lucas Maciel